Segundo pesquisa feita pela Fio Cruz em parceria com a UFMG, mais de sessenta por cento dos brasileiros estiveram em uma condição de sedentarismo durante a pandemia do Covid-19.
Com a vacinação extensiva e a flexibilização das medidas de restrições para a prevenção da COVID-19, as pessoas voltaram a fazer atividade física como caminhada, corrida, ciclismo, natação e outras menos frequentes e mais dispendiosos como treinamento funcional, tênis e golfe e pilates.
A volta a pratica da atividade física trouxe o aparecimento de algumas lesões associados ao descondicionamento. O sedentarismo recluiu as pessoas em posturas inadequadas, reduziu a capacidade cardiorrespiratória, força muscular, flexibilidade articular, causando algumas lesões mesmo em treinos com volumes muito inferiores do experimentados pelos praticantes da atividade física antes da pandemia.
A natação tem sido um esporte que tem causado algumas lesões. Nadar é uma das atividades mais completas. O movimento das braçadas é repetitivo e cíclico, e o movimento de arremesso é realizado contra a resistência da água, o que exige maior amplitude de movimentos das articulações, o que geralmente com a pratica regular altera o grau de flexibilidade do atleta. Durante as pernadas, o mais importante é a potência do movimento, a boa execução da técnica e a boa qualidade da força.
A sincronia entre a respiração, coordenação motora e equilíbrio muscular previnem as lesões no nadador.
O crawl (ou nado livre), o nado de peito, o nado de costa e o nado borboleta, são as quatro modalidades da natação. A execução errada da técnica, o recondicionamento físico e muscular e o over training podem causar lesões especificas da pratica de cada modalidade.
A análise biomecânica de cada técnica pode nos elucidar o motivo das lesões.
Crawl ou Nado Livre – O movimento dos braços realizados pela articulação gleno umeral são alternados fazendo um rolamento do tronco, a cabeça sempre virá para o lado do braço que está embaixo da água. Na fase de recuperação, o nadador precisa de flexibilidade para passar o braço por cima da agua sem toca-la, se o nadador não tem tanta flexibilidade no braço, fará uma rotação de tronco exacerbada, o percurso do braço mais longo, levando o braço ao máximo do seu ângulo de elevação, podendo comprimir a bolsa subacromial, o tendão do supra espinhoso, labrum posterior e superior.
Nado de Peito- Os membros inferiores iniciam a pernada com flexão máxima de quadril e joelhos, e dorsiflexão do tornozelo, finalizando com extensão e adução destas articulações. Nesta modalidade as lesões em quadril e virilha são muito comuns, seguidas das dores dorso lombares.
Nado de costas- No nado de costas as braçadas são alternadas, e as pernadas permitem manter o corpo na vertical e os joelhos ficam em valgo. As lesões mais comuns nesta modalidade são dos ligamentos colateral mediais do joelho, sinovite, tendinites na pata de ganso e tendões patelares.
Nado borboleta- Esta modalidade exige muita coordenação e força. O nadador eleva o ombro ao máximo, flexiona o máximo o seu cotovelo, e a força para empurrar a água vem da abdução das escapulas, a recuperação exige força dos rotadores internos do ombro. As lesões de supra espinhoso, flexores de cotovelo, capsula articular e labrum do ombro são as mais comuns. Para fazer a fase de ondulação do corpo, o nadador precisa de flexores de joelhos e extensores de tronco fortes, caso contrário terá lesões nestas estruturas.
Como prevenir as lesões dos praticantes de natação? Estes exercícios fora da água auxiliam na prevenção de lesões nadadores:
• O controle e redução postural;
• Treino de estabilidade e força;
• Exercícios de força e resistência dos músculos serrátil anterior, trapézio inferior e subescapular;
• Prevenção da discinesia escapular, flexões de braço com ativação do musculo serrátil
anterior;
• Fortalecimento do tronco e da coluna cervical;
• Remo;
• Correção do gesto esportivo.
Estas são algumas formas de prevenção das lesões para praticantes do da atividade física considerada a mais completa de todas, a natação.
Referências Bibliográficas:
Serenza, Felipe de Souza,Análise biomecânica de nadadores após a realização de um teste de esforço máximo- USP- 2017
Veado MAC, Fonseca RMF. O ombro do nadador veterano. Rev Bras Ortop 1992;27:686-90