
Aos 52 anos, Eduardo Lima enfrenta um desafio monumental: a distrofia muscular. Diagnosticado há três anos, esta condição genética progressiva tem impactado dramaticamente sua musculatura voluntária. A decisão inicial de não iniciar o tratamento trouxe consequências que agora se manifestam em cada movimento, exigindo um esforço consciente para ações que antes eram automáticas, como levantar de uma cadeira ou segurar uma xícara de café. A percepção do agravamento surgiu com a dificuldade em subir escadas e a frequência dos tropeços.
Avaliação Detalhada: Desafios e Desequilíbrios
Em sua busca por melhora, Eduardo iniciou o Pilates, visando reduzir a fraqueza muscular, especialmente nos membros inferiores. A avaliação fisioterapêutica revelou uma Percepção Subjetiva de Esforço (Escala de Borg) de nível 4, confirmando a baixa resistência física.
A análise postural e funcional destacou assimetrias musculares proeminentes:
- Perna direita: 30 cm | Perna esquerda: 35 cm
- Coxa direita: 47,5 cm | Coxa esquerda: 54 cm
- Braço direito (contraído): 27,5 cm | Braço esquerdo: 28 cm
Essas medidas são um indicativo claro do desequilíbrio de força e volume muscular, um padrão observado em distrofias musculares, caracterizadas pela degeneração progressiva das fibras, perda de força, atrofia e comprometimento funcional.
Adicionalmente, sua pressão arterial estava elevada durante a avaliação (160×112 mmHg, posteriormente 146×101 mmHg), demandando atenção e acompanhamento médico, mesmo sem sintomas agudos. A frequência cardíaca manteve-se estável (85/84 bpm), sem sinais de intolerância ao esforço.
Durante a execução prática dos exercícios, Eduardo demonstrou:
- Incapacidade para realizar o Roll Up adaptado devido a severa fraqueza abdominal.
- Significativa dificuldade no Single Leg Stretch e movimentos de elevação de membros em decúbito dorsal.
- Dificuldade em manter o equilíbrio no exercício de Romberg unilateral.
- Rigidez e encurtamento durante o Spine Twist, limitando a rotação da coluna.
- Redução na capacidade de ativar a musculatura profunda (transverso abdominal e assoalho pélvico).
A Resposta Otimista ao Diagnóstico
A distrofia muscular é uma condição genética rara e progressiva que afeta a estrutura e integridade muscular, resultando em fraqueza, atrofia e perda de autonomia funcional.

Embora não haja cura, o tratamento multidisciplinar contínuo com fisioterapia, acompanhamento nutricional e avaliação médica periódica é crucial para preservar funções, prevenir complicações e manter a qualidade de vida.
Eduardo não busca a superação da doença, mas sim a preservação de sua autonomia funcional: a capacidade de levantar-se sozinho, de segurar uma xícara com segurança, de gerir as pequenas tarefas diárias.
Ele foi enfaticamente orientado sobre a importância da fisioterapia regular, com metas realistas e respeito aos seus limites. O encaminhamento para avaliação nutricional e a integração de um acompanhamento multidisciplinar foram reforçados como pilares para o sucesso.
Esta é a história de um homem que, com determinação e otimismo, decidiu acolher e responder às necessidades de seu corpo, reafirmando que há dignidade e esperança em parar, escutar e cuidar. O caminho é desafiador, mas a proatividade de Eduardo inspira a crença de que, mesmo diante de uma condição progressiva, a qualidade de vida pode ser preservada e a autonomia defendida com vigor.
Nylson Arruda, Educador Físico | Dra. Larissa Corrêa, Fisioterapeuta
